Caiporas - Pesqueira

Caiporas - Pesqueira

Os Caiporas que povoam o território de Pesqueira, no agreste pernambucano, apresentam um mascaramento singular, único entre as cidades pesquisadas, um mascaramento de corpo todo, como o que se pode observar no Boi e nos bonecos gigantes. Caipora, do tupi “kaa porá”, quer dizer habitante do mato. São guardiões das matas e que controlam a caça. Para ser bem sucedido, o caçador deve oferecer à entidade fumo de rolo antes de adentrar a mata e obedecer algumas premissas, como não caçar fêmeas recém-paridas ou filhotes. Para o povo Xukuru, que ocupa a serra Ororubá em Pesqueira, os Caiporas são Encantados, espíritos dos antepassados que orientam para um melhor viver. São seres de ancestrais sabedoria e força. O brinquedo dos Caiporas nasce em 1962, do desejo de um grupo de amigos que trabalhavam na antiga fábrica da Peixe, que foi célebre na época e hoje dorme no coração da cidade. Os rapazes queriam fazer algo inovador no carnaval daquele ano e, inspirados em outras manifestações, criaram a máscara que cobre o corpo todo: um saco de estopa, cobrindo da cabeça até abaixo da cintura, com mãos e braços falsos saindo de um blazer, criando um corpo descomunal. A figura, criada sem pretensão, tornou-se símbolo da cidade. Sua aparição causa um misto de fascinação, divertimento e medo. Não só nas crianças que acompanham o bloco, mas também nos próprios participantes, tanto que o bloco deixou de sair por alguns anos em meados dos anos 60, pois criou-se a superstição que a cada ano, um dos fundadores morreria. Os Caiporas seguem vivos, com mais de 60 anos de tradição.