Papangus - Bezerros

Bezerros

Vem de Bezerros a maioria das máscaras confeccionadas para ornamentar ruas das diversas cidades de Pernambuco durante o período carnavalesco. O que se pode perceber é que artistas locais se apropriaram das máscaras para além de artefato cênico e popular, como geradora de renda e um símbolo definitivo do artesanato local.

A cidade está repleta de ateliês, onde se confeccionam máscaras em diversos tamanhos e de materiais, a depender da finalidade (gesso, papel, fibra de vidro). Muitos artesãos optaram por restringir a confecção de outras peças para dar exclusividade à máscara, em razão da rentabilidade da produção.

Para além da questão econômica, há nomes que se destacam como referência artística. O mais antigo e um dos mais expressivos artesãos pernambucanos, o mascareiro Lula Vassoureiro, é um artista inventivo, que alcançou na mão livre sua identidade. Ele, figura querida da cidade e região pelo seu modo de ver e recriar o mundo, diz que suas máscaras são “pura alegria”.

Os territórios buscam elementos e manifestações que possam ser facilmente reconhecidos como baluartes da identidade cultural local. Isso contribui, entre outras coisas, com o desenvolvimento do turismo e das cadeias de produção culturais.

Em Bezerros, nenhum elemento é mais relevante que os Papangus. Essas figuras nascem no final do século XIX, de uma história de subversão negra: segundo registros, pessoas escravizadas, que não podiam participar dos bailes dos senhores de engenho, criaram as primeiras máscaras e fantasias para brincar e visitar outras fazendas, onde eram recebidas com diversas comidas feitas à base de milho, como o angu.Somente na segunda metade do século XX a brincadeira passa a ser mais urbana, e com isso, parcialmente elitizada. As máscaras e fantasias, antes rudimentares, passam a ser confeccionadas em papel colè e gesso, as vestes ganham tecidos elaborados.

Os Papangus são incorporados definitivamente ao imaginário de Bezerros, e o concurso de mascarados é um dos pontos altos do carnaval. A despeito do apelo turístico e midiático, a festa segue sendo popular, com muitos foliões que se apropriam da tradição e, provocados pela máscara, se entregam à liberdade da celebração em anonimato.